656 setembro 2015

Andre Luiz Mello

Codesp/Divulgação

SERGIO GUEDES Sindiporto não foi procurado para participar do diálogo em torno do Santos 17

cessárias para aumentar a segurança da navegação no canal de acesso e ter- minais. Também devem revelar os pri- meiros indícios sobre a exequibilidade do aumento da profundidade entre leito e a superfície da água no porto de Santos. Os pesquisadores vão conferir a geometria das áreas de navegação e possíveis interferências em relação ao cais, que sofrerão com a pressão do deslocamento lateral na atracação. "Se os berços não forem adequados, o conjunto de rebocadores passa a ter maior responsabilidade e precisa atuar segurando o navio, com uma ve- locidade menor", aponta Sergio Gue- des, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação e Tráfego Portuário (Sindiporto), que representa os rebocadores e outras empresas de apoio portuário. Outro impacto da passagem dos Post Panamax a ser estudado será so- bre outras embarcações atracadas tan- to nas margens de Santos quanto do Guarujá. "Um navio como os que se está esperando, com comprimento de 360 metros e largura (boca) de 49 a 50 metros, é como se fosse um prédio de cem andares. É um Empire State deita- do navegando ao longo do canal, des- locando uma massa de água de cerca de 120 mil toneladas", compara Viria- to Geraldes, gerente de Operações da Praticagem de Santos, que reúne os responsáveis por orientar as mano- bras de navios na região.

Guedes, do Sindiporto, conta que a entidade não foi procurada formalmen- te para participar do diálogo em torno do Santos 17 e que desconhece os pla- nos, mas se preocupa com as regras de cruzamento para navios de grandes di- mensões por causa das sinuosidades e do fluxo intenso. “Santos tem um canal relativamente longo, sinuoso e estrei- to. Tem berços de atracação nas duas margens, além de um ferryboat que cruza o canal e várias embarcaçoes de esporte e recreio, que passam de um lado para o outro com passageiros. É um porto sui generis , além de ter uma movimentação muito intensa. As res- trições geográficas precisam ser discu- tidas antecipadamente”, apoia Geral- des, da Praticagem de Santos.

A frota de rebocadores necessária para lidar com as grandes embarca- ções é outro ponto de atenção. Esses barcos enormes exigem perícia e mui- ta potência no reboque já que, a baixas velocidades, fica difícil controlá-los a partir da ponte de comando. A melhor composição da frota deverá ser indi- cada a partir de simulações. Guedes lembra que, se ela precisar ser revista — seja em relação ao seu número ou à potência —, será necessário tempo. “As soluções para atender aos novos parâmetros não são de prateleira. Mu- dar perfil de frota de reboca- dores demanda uma resposta da in- dústria naval”, adverte.

Na contramão

O canal do porto de Santos pode perder 50 me- tros na largura. O Ministério Público Federal (MPF) emSantos quer reverter o alargamento de 170 para 220 metros iniciado em2010 por conta de danos ambientais. As praias de Santos vêm sofrendo erosão e tiveram dimi- nuídas suas faixas de areia. Segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a dragagem não é responsável pela alteração e tenta evitar que o processo vá adiante. OMP entrou com pedido na Justiça pedindo a redução. A Codesp providencia um estudo sobre os impactos da eventual redução para o porto. Paralelamente, outro estudo tentará identificar alternativas para diminuir a erosão das praias, com medidas mitigadoras. O MP estima que 40% dos cinco quilômetros de extensão da orla santista foram afetados.

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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