

PORTOS E LOGÍSTICA
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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015
calibrado e validado pelas observações,
não será complicado simular cenários
que não existem, como as consequên-
cias da modificação na topografia da
região e até uma eventual dragagem.
Bastará modificar as variáveis, ver os
impactos na hidrodinâmica e, final-
mente, no transporte de sedimentos
— explica o pesquisador. Iniciada em
julho, sua análise ficará pronta só em
2017, já que exige um longo período de
coleta de dados.
Conhecer melhor a
Baía de Santos
vai contribuir para planejar o desenvol-
vimento do porto, da cidade e também
responder a questões que interessam a
comunidade local. Há pelo menos três
anos, paira uma dúvida a respeito do
assoreamento e erosão cada vez mais
intensos empraias da região. A suspeita
é que os problemas estejam ligados às
dragagens recentes. A redução da faixa
de areia é mais forte na Ponta da Praia,
área nobre de Santos, e o acúmulo de
areia é maior na Praia Góes, do outro
lado da Baía, no Guarujá. Os estudos
contratados vão esclarecer a movimen-
tação de sedimentos dentro da baía de
acordo com a dinâmica da água e dos
ventos e ainda indicar se há áreas mais
complexas a dragar.
—Nãohá comprovaçãodequeadra-
gagem anterior causou erosão. Mas va-
mos estudar essa questão tambémpara
entender o impacto sócio-ambiental
— pondera Antonio Passaro, presiden-
te da Brasil Terminal Portuário (BTP) e
um dos idealizadores do Santos 17. "É
interesse da Prefeitura e da comunida-
de conhecer o comportamento da baía
mais a fundo. Compreendendo bem os
reflexos das dragagens, podemos até,
se for o caso, prever ações corretivas e
preventivas", complementa Montene-
gro, da Codesp. “Quando se modifica a
topografia do canal estuarino, muda o
fundo. As correntes e as ondas são alte-
radas também porque são fortemente
influenciadas pela topografia do leito.
Elas são responsáveis pelo transporte
de sedimentos e do material em sus-
pensão na água, que pode se depositar
emuma região", alerta o professor Cas-
tro Filho.
Após a avaliação inicial, caso seja
confirmada a viabilidade da ampliação
da profundidade do cais, os terminais
de Santos já se comprometeram a ar-
car com os custos do estudo ambiental
necessário ao licenciamento da obra e
com o projeto executivo, que vai indi-
car a melhor solução de engenharia. Ao
aprofundar o canal, não se sabe o que
se vai encontrar. Para manter o nível, a
dragagem se torna complexa e cada vez
mais cara, abrindo espaço para outras
alternativas. A esse esforço de ampliar
a eficiência do porto, unem-se outras
ideias para a região.
Um dos projetos mais esperados é
a construção de um túnel submarino
ligando Santos e Guarujá, que deverá
reduzir o tráfego de
ferryboats
na Baía.
Voltado para o transporte de pessoas,
não deverá influir na logística do por-
to, mas configura um limitador prático
para sua ampliação. O teto do túnel
será instalado a 21 metros de profundi-
dade. Sobre ele, para evitar que flutue,
deverá haver uma camada de material.
Roberto Teller, presidente do Sindicato
dos Operadores Portuários do Estado
de São Paulo (Sopesp), avisa que a dis-
tância prevista no projeto leva em con-
ta a segurança da navegação.
Chamada de Túnel Submerso, com
762 metros embaixo d’água, a via de-
veria ter começado a ser construída
em janeiro, mas não tem previsão para
sair do papel após problemas no edital
da licitação terem sido apontados pelo
Tribunal de Contas de São Paulo. A obra
também está ameaçada pelo ajuste fis-
cal promovido pelo governo federal, já
que o limite de endividamento do es-
tado de São Paulo precisará ser expan-
dido para garantir os recursos neces-
sários. O traçado passa sob o porto de
Santos e será o primeiro sob as águas
no Brasil.
— Se acontecer realmente de o pro-
jeto do túnel ir adiante, o executor, jun-
to com autoridades locais, portuária e
marítima, vai estabelecer regras espe-
ciais enquanto os trabalhos estiverem
em andamento. Não há impeditivo,
mas tem que haver planejamento e co-
ordenação para definir os horários de
entrada e saída nos horarios mais con-
venientes — ressalva Viriato Geraldes,
da Praticagem de Santos.
Outra opção à ampliação do canal
de acesso é o projeto Santos Vlakte.
Inspirado no Maasvlakte, ampliação
do porto de Roterdã, na Holanda, con-
siste na possibilidade de se construir
antonio passaro
Desafio é prever qual será a
demanda do porto daqui a 20 anos
Desde 2014, Santos
conta com um
serviço emergencial
de desassoreamento
para manter seu
calado operacional