

PORTOS E LOGÍSTICA
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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015
Tamara Menezes
D
ois metros em dois anos.
Com essa fórmula, o porto
de Santos pretende se tor-
nar o principal distribuidor
de cargas da América do Sul e se firmar
como porta de entrada para navios
Post-Panamax no Atlântico Sul. Reuni-
dos em torno da iniciativa Santos 17,
que faz referência ao ano de conclusão
e à profundidade desejada, operado-
res portuários e terminais firmaram
parceira com a Companhia Docas do
Estado de São Paulo (Codesp). A partir
de setembro, eles vão promover estu-
dos para conhecer melhor o estuário,
o comportamento hidrodinâmico e o
caminho percorrido pelos sedimentos
tanto no canal de acesso quanto nos
berços de atracação. Parte do custo
será financiado pelos terminais.
Envolvendo diferentes entidades e
empresas atuantes no porto paulista, a
meta é descobrir exatamente até qual
profundidade o leito pode ser dragado
com base em suas características na-
turais e avaliar a viabilidade ambien-
tal e econômica desse aumento. Feita
por pesquisadores de diversas áreas da
Universidade de São Paulo, a análise
deve indicar a melhor solução para a
manutenção do calado e para o desen-
volvimento do porto.
— Vamos descobrir até onde pode-
mos ir com o aumento da capacidade
a partir da melhoria da nossa geome-
tria. É um projeto de infraestrutura
para atender ao máximo à expectativa
de demanda futura, até onde for viá-
vel economicamente e considerando
o possível prejuízo, caso não façamos
essa intervenção — justifica Luis Clau-
dio Santana Montenegro, diretor de
Planejamento Estratégico e Controle
da Codesp. Com os dados, será pos-
sível explorar ao máximo e otimizar
a capacidade atual de movimentação
para alcançar mais produtividade.
Parte do desafio é encontrar formas
de abrir caminho para a passagem
de navios com grandes dimensões e
manter essa distância a um custo ra-
zoável. Projetados para receber em-
barcações com menos de 300 metros
de comprimento, o porto e seu canal
de acesso têm recebido a nova classe,
com até 336 metros e até 48 metros
de largura em operações que, embora
autorizadas pela Capitania dos Portos,
ocorrem em regime especial e exigem
estudos para que a segurança seja pre-
servada.
Dois metros
a mais
Operadores portuários e
Codesp se unem para ampliar
profundidade do porto de Santos
Enquanto se prepara
para o futu-
ro, Santos tem batalhado para manter
o calado homologado em dezembro,
de 13,2 metros em toda sua extensão
para uma profundidade de 15 metros.
No início de agosto, a autoridade por-
tuária se comprometeu a refazer a ba-
timetria, que calcula a massa de água
desde o fundo até a superfície, nos
cais. A medição vai indicar o nível de
assoreamento em cada trecho desde a
última dragagem de aprofundamento.
Desde o fim de 2014, Santos conta
com um serviço emergencial de desas-
soreamento para manter seu calado
operacional. Uma nova licitação vai
encarregar uma empresa de realizar o
serviço ao longo de três anos. Feita no
âmbito do Programa Nacional de Dra-
gagem, da Secretaria Especial de Por-
tos (SEP), a contratação está travada
no órgão.
As primeiras respostas para o pro-
jeto Santos 17 devem ser dadas até o
fim de março de 2016, após a assina-
tura — prevista para o fim de agosto
no fechamento desta edição—de uma
parceria com a Universidade de São
Paulo. O Instituto Nacional de Pesqui-
sas Hidrológicas, ligado à SEP, deverá
atuar como auditor dos resultados,
que também vão investigar o impacto
ambiental da eventual intervenção.
A expectativa é que os modelos ma-
temáticos, alimentados com dados
experimentais recolhidos na Baía de
Santos, indiquem as adequações ne-
Estudo definirá até
qual profundidade
o leito pode ser
dragado com
base em suas
características