

PORTOS E LOGÍSTICA
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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015
Salomão avalia que não se paga
mais tão bem pelo transporte de car-
gas de projeto como há alguns anos.
Ele acredita que o custo precisa ser
baixo porque a cabotagem ainda com-
pete com modal rodoviário. Por isso,
ele diz que as empresas de navegação
devem ter flexibilidade com os clien-
tes e estarem preparadas para traba-
lhar com menores margens. Por outro
lado, ele enxerga potencial nesse tipo
de movimentação de carga, caso os
projetos de infraestrutura anunciados
pelo governo saiam do papel nos pró-
ximos anos.
O gerente de assuntos institucio-
nais da Aliança Navegação, Mark Ju-
zwiak, destaca a fase de interiorização
de projetos de geração eólica no Brasil,
antes concentrados nas regiões Nor-
deste e Sul. Ele explica que a cabota-
gem costuma ser mais competitiva
quando o destino final fica até 300 qui-
lômetros do porto. A Aliança já entre-
gou pás eólicas em diferentes portos,
como Salvador (BA), Cabedelo (PB),
Fortaleza (CE) e Suape (PE).
A logística é considerada cara e de-
pende de fatores como a distância do
porto, os obstáculos e segurança no
trajeto e a disponibilidade dos equi-
pamentos. Em alguns casos, segundo
Juzwiak, o frete chega a 50% do valor
total do transporte. Às vezes, os tre-
chos em terra demandam carretas es-
peciais com eixo direcional para fazer
algumas curvas.
Juzwiak ressalta a necessidade de
coordenação entre as empresas de
logística, o armador, agentes e órgãos
envolvidos ser bem feita para evitar cus-
tos adicionais. Em Santos, por exemplo,
existem restrições da polícia federal na
quantidade de pás eólicas movimen-
tadas. Um erro no planejamento pode
deixar a carga armazenada no fimde se-
mana, encarecendo a logística.
Ele conta que numa operação em
Salvador (BA) foi necessário derrubar
muros e postes para passagem da car-
ga, o que demandou planejamento e
negociação com a companhia docas.
Em Cabedelo (PB) foram tapados bu-
racos no trajeto. “Às vezes é preciso
pegar o percurso mais longo e o porto
mais distante para te dar mais condi-
ção de fazer o transporte. Nem sempre
o mais curto é o melhor”, explica.
Juzwiak conta que a Aliança está
prospectando novos contratos e ten-
tando conseguir informações mais
apuradas sobre o mercado. No entan-
to, ele diz que existe muita incerteza e
que há projeções antigas e contratos
fechados que ficaram defasados ou fo-
ram adiados. Ele acredita que os pro-
jetos de geração de energia devem ter
prioridade nos próximos anos devido
ao aumento do consumo e a queda
no nível dos reservatórios. A empre-
sa possui expectativa de melhora no
segundo semestre caso se confirme o
transporte de projetos eólicos nos pró-
ximos dois meses.
O diretor de infraestrutura de trans-
porte do grupo Progen, Roberto Mac
Lennan, observa que existe grande
quantidade de novos projetos no com-
passo de espera. Em relação à movi-
mentação de carga de projetos, ele
identifica boas oportunidades para os
segmentos: eólico, elétrico e de papel
e celulose. Para Mac Lennan, a instabi-
lidade política e econômica é o maior
problema no momento. “Quando não
há estabilidade institucional, ninguém
implementa investimentos porque
não se sabe o que vai acontecer. In-
vestimento demanda previsibilidade”,
ressalta Mac Lennan.
A expectativa das empresas de en-
genharia é que a economia só deve
se recuperar entre o final do segundo
semestre de 2016 e o primeiro semes-
tre de 2017. Mac Lennan destaca que a
retomada da infraestrutura é a princi-
pal aposta do novo modelo de cresci-
mento. “É a única variável que poderia
trazer aumento de competitividade do
país no curto prazo, porque moveria
um pouco a produtividade e a econo-
mia”, analisa.
Na visão da Progen, os principais in-
vestimentos que acontecerão no Brasil
nos próximos 18 meses estão relacio-
nados às licitações de concessões exis-
tentes. A empresa de engenharia acre-
dita que projetos de portos, aeroportos
e algumas rodovias têm boas chances
de serem executados, enquanto fer-
rovias devem ter investimentos mais
limitados à expansão de trechos ope-
rados pelo setor privado. “O Brasil ain-
da é umpaís muito interessante. Existe
muita oportunidade, podíamos voltar
a ver esses projetos saírem do papel de
forma rápida”, projeta Mac Lennan.
n
Sindipesa avalia que setor eólico
é exceção e não foi afetado por
causa dos contratos definidos e
dos investimentos
Mammoet/Divulgação