656 setembro 2015

PORTOS E LOGÍSTICA

Dois metros a mais Operadores portuários e Codesp se unem para ampliar profundidade do porto de Santos

Tamara Menezes D ois metros em dois anos. Com essa fórmula, o porto de Santos pretende se tor- nar o principal distribuidor de cargas da América do Sul e se firmar como porta de entrada para navios Post-Panamax no Atlântico Sul. Reuni- dos em torno da iniciativa Santos 17, que faz referência ao ano de conclusão e à profundidade desejada, operado- res portuários e terminais firmaram parceira com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). A partir de setembro, eles vão promover estu- dos para conhecer melhor o estuário, o comportamento hidrodinâmico e o caminho percorrido pelos sedimentos tanto no canal de acesso quanto nos berços de atracação. Parte do custo será financiado pelos terminais. Envolvendo diferentes entidades e empresas atuantes no porto paulista, a meta é descobrir exatamente até qual profundidade o leito pode ser dragado com base em suas características na- turais e avaliar a viabilidade ambien- tal e econômica desse aumento. Feita por pesquisadores de diversas áreas da Universidade de São Paulo, a análise deve indicar a melhor solução para a manutenção do calado e para o desen- volvimento do porto. — Vamos descobrir até onde pode- mos ir com o aumento da capacidade a partir da melhoria da nossa geome- tria. É um projeto de infraestrutura para atender ao máximo à expectativa

Enquanto se prepara para o futu- ro, Santos tem batalhado para manter o calado homologado em dezembro, de 13,2 metros em toda sua extensão para uma profundidade de 15 metros. No início de agosto, a autoridade por- tuária se comprometeu a refazer a ba- timetria, que calcula a massa de água desde o fundo até a superfície, nos cais. A medição vai indicar o nível de assoreamento em cada trecho desde a última dragagem de aprofundamento. Desde o fim de 2014, Santos conta com um serviço emergencial de desas- soreamento para manter seu calado operacional. Uma nova licitação vai encarregar uma empresa de realizar o serviço ao longo de três anos. Feita no âmbito do Programa Nacional de Dra- gagem, da Secretaria Especial de Por- tos (SEP), a contratação está travada no órgão. As primeiras respostas para o pro- jeto Santos 17 devem ser dadas até o fim de março de 2016, após a assina- tura — prevista para o fim de agosto no fechamento desta edição—de uma parceria com a Universidade de São Paulo. O Instituto Nacional de Pesqui- sas Hidrológicas, ligado à SEP, deverá atuar como auditor dos resultados, que também vão investigar o impacto ambiental da eventual intervenção. A expectativa é que os modelos ma- temáticos, alimentados com dados experimentais recolhidos na Baía de Santos, indiquem as adequações ne-

Estudo definirá até qual profundidade o leito pode ser

dragado com base em suas características

de demanda futura, até onde for viá- vel economicamente e considerando o possível prejuízo, caso não façamos essa intervenção — justifica Luis Clau- dio Santana Montenegro, diretor de Planejamento Estratégico e Controle da Codesp. Com os dados, será pos- sível explorar ao máximo e otimizar a capacidade atual de movimentação para alcançar mais produtividade. Parte do desafio é encontrar formas de abrir caminho para a passagem de navios com grandes dimensões e manter essa distância a um custo ra- zoável. Projetados para receber em- barcações com menos de 300 metros de comprimento, o porto e seu canal de acesso têm recebido a nova classe, com até 336 metros e até 48 metros de largura em operações que, embora autorizadas pela Capitania dos Portos, ocorrem em regime especial e exigem estudos para que a segurança seja pre- servada.

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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