656 setembro 2015
INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE
Ele lamenta que o término do as- faltamento da BR-163 prevista no pla- nejamento de infraestrutura do gover- no federal não está se concretizando, atrasando o projeto e prejudicando a cadeia como um todo. Apesar disso, ele percebe um despertar em todos os níveis de governo para a importân- cia do transporte hidroviário no Bra- sil. “Esperamos que isso proporcione num futuro não muito distante inves- timentos em infraestrutura fluvial que mantenha positiva as perspectivas para o setor”, afirma. O Rio Maguari é um dos principais estaleiros do Norte do país. Nos últi- mos quatro anos, entregou quase 200 unidades commais de 95% de pontua- lidade nas entregas. Vasconcellos des- taca como diferenciais a qualidade da engenharia de fabricação aliada a alta produtividade e baixo custo. Por ques- tões de confidencialidade e estratégia comercial, o estaleiro não informa sua carteira de encomendas e clientes. O Rio Maguari tem novas perspectivas de encomendas, cujas negociações se encontram em andamento para entre- gas ainda em 2016 e 2017. O programa Promef Hidrovia foi concebido com a previsão de constru- ção de 80 barcaças e 20 empurradores, formando comboios para o transporte de etanol através da Hidrovia Tietê- -Paraná. Vasconcellos, que também é diretor do Estaleiro Rio Tietê (ERT), diz que o ritmo de produção dimi- nuiu devido à redução significativa do nível do rio na região de Araçatu- ba (SP). Por determinação do Ope- rador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), houve priorização da geração de energia. Ele considera que a de- cisão afronta a legislação que prevê o uso múltiplo das águas. O Estaleiro Rio Tietê alega que a re- dução de nível impediu o lançamento dos comboios já prontos em função da modalidade de lançamento projetada, provocando superlotação do pátio de edificação e impedindo o avanço da construção dos comboios subsequen- tes. “Este evento de força maior nos obrigou a investimentos não previstos para viabilizar o lançamento dos com- boios prontos e a continuidade das no- vas construções”, explicaVasconcellos.
Coutinho afirma que existem pers- pectivas no médio prazo. “Ainda não fomos contemplados com contratos atuais para balsas graneleiras, porém estamos otimistas no médio prazo em realizar tais construções, assim que a economia brasileira reagir e voltar a ser pujante”, projeta. Ele diz que não há reparos no mo- mento porque a demanda é pequena e há empresas com as balsas e empur- radores parados. Com isso, o estaleiro reduziu o contingente de funcionários de 186, no início de 2015, para 50 atu- almente. O estaleiro São João ocupa 69 mil metros quadrados de área, com três carreiras para construção com ca- pacidade de mil toneladas cada, além de três guindastes para 30 toneladas. Para o diretor comercial do estaleiro Rio Maguari (PA), Fábio Vasconcellos, a construção de embarcações fluviais também sofre com a crise econômica atual, pois a retração da atividade eco- nômica não poupa nenhum setor. En- tretanto, ele ressalta a menor depen- dência do setor de óleo e gás e alguns projetos pontuais ligados ao agrone- gócio, considerado a atual locomotiva brasileira, tornam os efeitos menos perversos. “Com a abertura do cor- redor logístico BR-163 (Tapajós-Vila do Conde), a demanda por comboios fluviais foi alta num passado recente e deve se manter nos próximos dois anos pelo menos, quando a demanda deverá voltar à normalidade histórica”, destaca.
O estaleiro Rio Maguari entregou quase 200 unidades nos últimos quatro anos
FÁBIOVASCONCELLOS Construção de embarcações fluviais também sofre com a crise econômica atual
12
PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015
Made with FlippingBook