

PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015
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Já o professor de engenharia oceânica da Coppe/UFRJ,
Floriano Pires, apresentou opinião divergente. Segundo ele,
ao invés de lamentar a ausência de iniciativas do governo, os
empresários deveriam debater a urgência de o setor viabili-
zar saídas de curto prazo para problemas como má gestão,
baixa produtividade e falta de qualificação da mão de obra.
Ele também enfatizou a necessidade de serem discutidos os
resultados das políticas vigentes e as tentativas de melhorar
o desempenho da construção. “A gestão de processos está
ruim. Estamos à beira de uma crise muito grave”, apontou.
Para o vice-presidente do sistema Firjan, Raul Sanson, é
fundamental para o setor uma política industrial que seja
clara em relação às regras de conteúdo local, financiamento
e previsibilidade de encomendas. A entidade entende que a
falta de governabilidade atrapalha a indústria e descontinua
as ações voltadas para o futuro.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
(Firjan) participa de uma frente para o mapeamento e de-
senvolvimento da indústria naval no estado e outra em favor
da realização regular dos leilões de novos campos
offshore
.
“O Rio de Janeiro vem sofrendo muito com a queda do pre-
ço do petróleo internacional. Isso prejudicou as receitas do
estado e a indústria do petróleo. Se não houver leilão, não
existe demanda em nada”, disse Sanson.
Durante a abertura do evento, o Banco Nacional de De-
senvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que
os desembolsos do banco para indústria naval em 2015 de-
vem ultrapassar os R$ 3 bilhões. De acordo com o superin-
tendente de insumos básicos do BNDES, Rodrigo Bacellar,
a maior parte desse montante irá para a construção de em-
barcações de apoio marítimo. Ele explicou que são projetos
já contratados com recursos do Fundo da Marinha Mercan-
te (FMM), do qual o BNDES é agente repassador. Se a pro-
jeção se confirmar, os desembolsos do banco vão superar
2014, quando as liberações chegarem perto de R$ 3 bilhões.
Bacellar destacou que a indústria continua bem desde o
primeiro programa para renovação de frota de apoio maríti-
mo dos anos 2000, contribuindo para a construção de mais
de 130 embarcações
offshore
no Brasil. Ele acredita que,
com a retomada dos leilões da ANP, o Brasil ainda possui um
mercado pujante pela frente.
O superintendente do BNDES afirmou ainda que um dos
desafios será viabilizar projetos no Brasil com preço do bar-
ril de petróleo em baixa. “A indústria vai ter que diversificar
projetos além da Petrobras e buscar mercados externos”,
disse durante a abertura do evento. A Caixa também refor-
çou a parceria e apoio do banco à indústria naval. O gerente
da regional da Caixa no Rio de Janeiro, Rossano Macedo e
Silva, disse que o banco continuará empenhado em seu pa-
pel de agente financeiro, apesar de o país estar passando por
ummomento difícil.
O secretário de desenvolvimento econômico, energia,
indústria e serviços do Rio de Janeiro, Marco Capute, des-
tacou que o estado possui no radar uma carteira de em-
presários querendo investir na indústria naval e
offsho-
re
. Ele conta que tem participado de reuniões com toda
indústria para tentar alavancar a construção no estado.
“Não podemos ter processo de parar para depois voltar.
Cada estaleiro tem um tratamento a ser dado de forma
direta. Os sindicatos querem preservar o emprego. Não
podemos parar de novo”, afirma.
n
bndes/Divulgação
RODRIGO BACELLAR
Se a projeção se confirmar,
desembolsos do banco vão
superar 2014
Guto Nunes