

PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015
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caldeira para uma usina de energia no
Chile. Na construção naval, mesmo
com a queda no ritmo de entregas,
existem estaleiros com encomendas e
que demandarão nos próximos anos
equipamentos como guindastes, cen-
tros de comando eletrônico, propul-
sores e outras cargas pesadas que são
importadas.
O transporte de cargas de projeto
junto com outras cargas vem sendo
uma solução para as empresas de nave-
gação, que relatam redução de volume
de cargas transportadas e diminuição
da frequência de navios. Os custos com
frete caírammuito e, consequentemen-
te, a margem de lucro dessas empresas
caiu consideravelmente.
A Companhia de Navegação Norsul
observa que 2015 não está sendo um
ano fácil para o setor produtivo por
conta da desaceleração da economia,
pressão inflacionária e alta nos juros no
primeiro semestre. O diretor-presiden-
te da Norsul, Angelo Baroncini, destaca
a importância dos investimentos para
ampliar a
expertise
e o desempenho da
empresa e atualizar sua tecnologia. A
busca por inovação também é mencio-
nada para criar novas possibilidades e
custos mais competitivos.
Com 53 anos de mercado, a Norsul
vem investindo na ampliação e diver-
sificação da movimentação de carga
por cabotagem, reforçando também
sua presença no segmento de cargas
especiais e de projetos. Um dos apor-
Ele acredita que, além da Norsul,
existe um pequeno número de ope-
radores marítimos capacitados para
o transporte de cargas de projeto por
cabotagem como pás e torres eólicas,
turbinas e geradores para hidrelétri-
cas e outros produtos e bens. Para o
diretor-presidente da empresa, ainda
que lentamente, o Brasil vem inves-
tindo em infraestrutura, onde peças
com formas e dimensões não padro-
nizadas, algumas também com peso
elevado, precisam chegar ao seu des-
tino com qualidade e dentro de prazos
confiáveis.
Atualmente, a Norsul controla qua-
tro embarcações com registro e ban-
deira brasileiros, aptas a operar cargas
especiais e de projeto. Desde 2013, a
empresa de navegação vem executan-
do transporte de equipamentos para
parques eólicos. Essas embarcações
não estão totalmente dedicadas a esse
segmento, pois não há oferta regular
desse tipo de carga. Além disso, a Nor-
sul acredita que, por ser um mercado
novo e mais complexo, há pouco posi-
cionamento sobre esse tipo de embar-
cação nos portos nacionais, dada a sua
geometria.
A Posidonia resolveu
apostar na
construção de um navio multipropósi-
to que também transportará cargas de
projeto. O
Posidonia Bravo
, em cons-
trução no estaleiroVitória (RS), terá três
mil toneladas e poderá entrar em por-
tos marítimos e fluviais. A expectativa é
que o navio seja entregue no primeiro
semestre de 2016. Abrahão Salomão,
sócio da companhia, destaca o baixo
custo operacional da embarcação.
A empresa enxerga boas perspec-
tivas para cargas de projeto, prin-
cipalmente pela necessidade de in-
fraestrutura no Brasil. “Nos desafia
saber dimensionar oferta de transpor-
te. Apesar de um bom nicho, não se
fala de grandes quantidades especifi-
camente por embarque. Estamos tra-
tando de cargas volumadas, pesadas,
mas não necessariamente suficientes
para encher um navio”, pondera Salo-
mão. Por outro lado, ele ressalta que a
carga de projeto não se concentra em
determinado porto, podendo ser mo-
vimentada por toda a costa brasileira.
tes foi feito para a construção de um
centro de distribuição e no terminal
portuário Mar Azul, Logística e Termi-
nal Marítimo, em São Francisco do Sul
(SC). Atualmente, o radar da empresa
para cargas de projeto está mais foca-
do para os setores de energia, logística
e saneamento. “Existem boas perspec-
tivas para cargas especiais e de projeto
na cabotagem, entretanto, por caute-
la, nesse momento econômico, entra-
mos no compasso de espera”, afirma
Baroncini.
Setores com investimentos de
longo prazo ainda garantem boas
perspectivas para carga de projeto
ANGELO BARONCINI
Há boas perspectivas na
cabotagem, mas estamos em
compasso de espera
Posidonia/Divulgação