656 setembro 2015

Entraves à competitividade Fornecedores cobram interlocutor para tentar minimizar impactos de juros altos, tributos e câmbio defasado na indústria

O s fornecedores brasileiros de máquinas e equipamen- tos cobram um interlocu- tor junto ao governo para tentar aumentar a competitividade e reduzir o impacto do chamado “tripé negativo” para a indústria: juros altos, carga tributária elevada e câmbio de- fasado. O presidente do conselho de óleo e gás da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamen- tos (Abimaq), César Prata, disse, du- rante a 12ª Marintec South America - Navalshore 2015, que as incertezas em torno do plano de negócios 2015- 2019 da Petrobras estão atrapalhando o planejamento das empresas e o re- cebimento de valores devidos pelos estaleiros. A Abimaq apurou entre seus asso- ciados recebimentos em atraso que somam em torno de R$ 500 milhões. Desse montante, cerca de R$ 200 mi- lhões são referentes a pagamentos de- vidos pela Ecovix, no Rio Grande do Sul. Prata avalia que, com as medidas para resolver os problemas do fluxo de caixa, a Petrobras reduzirá seu en- dividamento num horizonte de cinco anos. No entanto, ele alerta que a falta de projetos pode ser muito ruimpara a indústria nacional. Na ocasião, o diretor regional da As- sociação Brasileira da Indústria Elétri- ca e Eletrônica (Abinee), Paulo Galvão, destacou que a construção naval che- gou a ultrapassar os 80 mil empregos, mas que a política de conteúdo local não atingiu os resultados que poderia. Ele lamentou que o segmento de óleo e gás representa apenas 2% do fatura- mento da Abinee e que apenas dois as- sociados da associação forneçam para a indústria naval. — Se não tem política pública que ampare as empresas nacionais para su-

Angelika Bentin/Fotolia

prir um pouco a falta de infraestrutura e logística, só o conteúdo local não re- solve. É só uma ferramenta, temos que ter política pública para resolver essa equação — defendeu Galvão, duran- te a Navalshore, no evento “Fornecer — Crise e Impactos”, promovido pela Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav). O superintendente da Organiza- ção Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Bruno Musso, destacou que a entidade continua focada no setor de exploração e produção offshore por causa da dimensão desse mercado. Ele lamentou que, até o momento, o conteúdo local não tenha refletido em aumento de demanda para cadeia de fornecimento. “Precisamos de uma política industrial para o setor de pe- tróleo. Essa política não pode ser a po- lítica de conteúdo local. Tem que ser parte integrante da política industrial”, avaliou. n

A Abimaq apurou entre seus associados que há recebimentos em atraso que somam em torno de R$ 500 milhões

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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