656 setembro 2015

Agência Petrobras

Ele reconhece que a dificuldade dos estaleiros em receber os recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e da Sete Brasil geramdívidas e questões financeiras importantes. Alonso expli- ca que as negociações entre os acionis- tas da Sete Brasil são complexas, pois envolvem bancos privados, públicos e a Petrobras. Ele também cita o perío- do de espera até saírem novos acordos de leniência das construtoras na justi- ça do Paraná, no âmbito da operação Lava-Jato da Polícia Federal. Alonso, que também é coordenador do Programa de Mobilização da Indús- tria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), destaca que a iniciativa en- trou em nova fase, onde o foco é inves- tir em funções especiais, como certifi- cação, além de priorizar planejamento, gestão e a inovação. “O problema da indústria brasileira não é conteúdo na- cional, é performance”, avalia. Ele disse que os parceiros interna- cionais precisam investir no aumento da produtividade, como engenharia industrial e automação da produção nos estaleiros. Além disso, ele defen- deu que os governos locais adotem o modelo dos Arranjos Produtivos Lo- cais (APLs), com núcleos de fornece- dores no entorno dos estaleiros e inte- gração da cadeia de suprimento. Para o diretor executivo de petróleo e gás da Abimaq, Alberto Machado, o conteúdo local não pode ser o culpa- do pelas dificuldades enfrentadas pelo setor. Machado citou problemas como a macroeconomia do país, a alta da inflação, o desemprego, as elevadas ta- xas de juros, o câmbio ainda defasado

e oneração da folha. Ele lamentou que esses problemas conjunturais estão refletindo na perda da indústria. Um deles é a inadimplência dos epcistas e a incapacidade das empresas em re- cuperação judicial de honrarem seus compromissos com os fornecedores. Além disso, os desinvestimentos da Petrobras diminuíram as expectativas de venda dos fabricantes. Ele defende ênfase na engenharia nacional. “No fi- nal da década de 1990, dizíamos que, se não tivéssemos estaleiros brasilei- ros, não teríamos conteúdo local. Ago- ra, se não tivermos engenharia bra- sileira não teremos conteúdo local”, comparou. Machado acredita que o país per- deu oportunidades de vender campos com barris de petróleo acima de US$ 110. Além disso, o período de quase oito anos sem leilões de grande porte poderia ter gerado demanda para in- dústria. Ele acrescenta que os regimes especiais, como REB e Repetro, são importantes para aumentar compe- titividade, mas precisam ser revistos porque não abrangem a cadeia toda. Para o diretor executivo de petró- leo e gás da Abimaq, comprar no Bra- sil oferece vantagens como facilidade acesso às empresas, do idioma, de adaptação às reais necessidades, pa- gamentos, além de maior segurança quanto aos prazos entrega e menores riscos. A associação defende uma polí- tica industrial de longo prazo, que não seja ligada a um governo. “Esperamos que conteúdo local aconteça como consequência e não como fato gera- dor”, enfatizou. n

PAULO ALONSO Produtividade ainda está distante do ‘benchmarking’ apurado no Japão e Coreia do Sul

Paulo Augusto dos Santos

ALBERTO MACHADO Conteúdo local não pode ser o culpado pelas dificuldades enfrentadas pelo setor

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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