656 setembro 2015

PORTOS E LOGÍSTICA

Mammoet/Divulgação

tando conseguir informações mais apuradas sobre o mercado. No entan- to, ele diz que existe muita incerteza e que há projeções antigas e contratos fechados que ficaram defasados ou fo- ram adiados. Ele acredita que os pro- jetos de geração de energia devem ter prioridade nos próximos anos devido ao aumento do consumo e a queda no nível dos reservatórios. A empre- sa possui expectativa de melhora no segundo semestre caso se confirme o transporte de projetos eólicos nos pró- ximos dois meses. O diretor de infraestrutura de trans- porte do grupo Progen, Roberto Mac Lennan, observa que existe grande quantidade de novos projetos no com- passo de espera. Em relação à movi- mentação de carga de projetos, ele identifica boas oportunidades para os segmentos: eólico, elétrico e de papel e celulose. Para Mac Lennan, a instabi- lidade política e econômica é o maior problema no momento. “Quando não há estabilidade institucional, ninguém implementa investimentos porque não se sabe o que vai acontecer. In- vestimento demanda previsibilidade”, ressalta Mac Lennan. A expectativa das empresas de en- genharia é que a economia só deve se recuperar entre o final do segundo semestre de 2016 e o primeiro semes- tre de 2017. Mac Lennan destaca que a retomada da infraestrutura é a princi- pal aposta do novo modelo de cresci- mento. “É a única variável que poderia trazer aumento de competitividade do país no curto prazo, porque moveria um pouco a produtividade e a econo- mia”, analisa. Na visão da Progen, os principais in- vestimentos que acontecerão no Brasil nos próximos 18 meses estão relacio- nados às licitações de concessões exis- tentes. A empresa de engenharia acre- dita que projetos de portos, aeroportos e algumas rodovias têm boas chances de serem executados, enquanto fer- rovias devem ter investimentos mais limitados à expansão de trechos ope- rados pelo setor privado. “O Brasil ain- da é umpaís muito interessante. Existe muita oportunidade, podíamos voltar a ver esses projetos saírem do papel de forma rápida”, projeta Mac Lennan. n

Salomão avalia que não se paga mais tão bem pelo transporte de car- gas de projeto como há alguns anos. Ele acredita que o custo precisa ser baixo porque a cabotagem ainda com- pete com modal rodoviário. Por isso, ele diz que as empresas de navegação devem ter flexibilidade com os clien- tes e estarem preparadas para traba- lhar com menores margens. Por outro lado, ele enxerga potencial nesse tipo de movimentação de carga, caso os projetos de infraestrutura anunciados pelo governo saiam do papel nos pró- ximos anos. O gerente de assuntos institucio- nais da Aliança Navegação, Mark Ju- zwiak, destaca a fase de interiorização de projetos de geração eólica no Brasil, antes concentrados nas regiões Nor- deste e Sul. Ele explica que a cabota- gem costuma ser mais competitiva quando o destino final fica até 300 qui- lômetros do porto. A Aliança já entre- gou pás eólicas em diferentes portos, como Salvador (BA), Cabedelo (PB), Fortaleza (CE) e Suape (PE). A logística é considerada cara e de- pende de fatores como a distância do porto, os obstáculos e segurança no trajeto e a disponibilidade dos equi- pamentos. Em alguns casos, segundo Juzwiak, o frete chega a 50% do valor total do transporte. Às vezes, os tre-

Sindipesa avalia que setor eólico é exceção e não foi afetado por causa dos contratos definidos e dos investimentos

chos em terra demandam carretas es- peciais com eixo direcional para fazer algumas curvas. Juzwiak ressalta a necessidade de coordenação entre as empresas de logística, o armador, agentes e órgãos envolvidos ser bem feita para evitar cus- tos adicionais. Em Santos, por exemplo, existem restrições da polícia federal na quantidade de pás eólicas movimen- tadas. Um erro no planejamento pode deixar a carga armazenada no fimde se- mana, encarecendo a logística. Ele conta que numa operação em Salvador (BA) foi necessário derrubar muros e postes para passagem da car- ga, o que demandou planejamento e negociação com a companhia docas. Em Cabedelo (PB) foram tapados bu- racos no trajeto. “Às vezes é preciso pegar o percurso mais longo e o porto mais distante para te dar mais condi- ção de fazer o transporte. Nem sempre o mais curto é o melhor”, explica. Juzwiak conta que a Aliança está prospectando novos contratos e ten-

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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