656 setembro 2015

PORTOS E LOGÍSTICA

Investimentos em infraestrutura Aumento do percentual da taxa de retorno é avaliado positivamente pelo mercado

Karlos Geromy/Secom Maranhão

Carmen Nery E m meados de julho, o Minis- tério da Fazenda divulgou al- terações nos parâmetros de cálculo da taxa de retorno, elevando de 8% para 10% o novo per- centual anual para o custo médio pon- derado de capital (WACC, na sigla em inglês Weighted Average Capital Cost). O WACC é a taxa que indica o nível de atratividade mínima do investimento; ou seja, ele é o retorno que se esperaria ter em outros investimentos mais se- guros do que o atual. Trata-se de uma das formas de se calcular a taxa de des- conto, que é o custo de capital utiliza- do em uma análise de retorno. Segundo o Ministério da Fazenda, o WACC será utilizado como a taxa de desconto para o cálculo da tarifa máxima ou do valor de outorga dos próximos leilões dos arrendamentos portuários, dois dos três critérios que poderão ser utilizados na análise das propostas pelas áreas ofertadas, além da maior movimentação de carga. O setor considera positiva a elevação da taxa de 8% para 10%, mas é contra, por princípio, a uma eventual iniciativa do governo em fixá-la. No comunicado divulgado em 15 de julho, o Ministério da Fazenda ressalva que o valor não corresponde à taxa efetiva de retorno do investimento — que depende, em última instância, das características in- trínsecas à concessão, ao acionista e à estrutura de capital. O resultado mais

O setor considera positiva a elevação da taxa de 8% para 10%, mas é contra, por princípio, a uma eventual iniciativa do governo em fixá-la

provável será uma Taxa Interna de Re- torno (TIR) efetiva do projeto diferen- te do valor apresentado. Luiz Cunha, gerente sênior e espe- cialista em infraestrutura da consul- toria EY, diz que, em primeiro lugar, é preciso esclarecer as diferenças entre a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Cus- to Ponderado de Capital (WACC). A TIR é um resultado de saída do projeto após realizadas as análises de premis- sas operacionais — receita, impostos, investimentos — em um fluxo de caixa no período da concessão. Já o WACC é um dado utilizado pelo investidor para a sua percepção de risco. Trata-se da expectativa de retorno que é cons- truída a partir da percepção de risco— sistêmico, grau de alavancagem, am-

biental, custo da dívida — com a qual o investidor precifica o investimento. — O investidor tem a percepção de risco pelo custo ponderado de capital e compara com a Taxa Interna de Re- torno, que é um dado de saída do pro- jeto. Se a TIR igualar oWACC, o investi- mento é viável. Como as duas variáveis são representações de retorno, há uma certa confusão no mercado, sobretudo na mídia. O que o governo considera e lança como referência é o WACC — distingue Cunha. Mário Povia, diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), explica que na realidade não há fixação de TIR no modelo de exploração de arrendamentos por- tuários, na medida em que não há re-

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PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015

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