

INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE
12
PORTOS E NAVIOS SETEMBRO 2015
Coutinho afirma que existem pers-
pectivas no médio prazo. “Ainda não
fomos contemplados com contratos
atuais para balsas graneleiras, porém
estamos otimistas no médio prazo em
realizar tais construções, assim que a
economia brasileira reagir e voltar a
ser pujante”, projeta.
Ele diz que não há reparos no mo-
mento porque a demanda é pequena
e há empresas com as balsas e empur-
radores parados. Com isso, o estaleiro
reduziu o contingente de funcionários
de 186, no início de 2015, para 50 atu-
almente. O estaleiro São João ocupa
69 mil metros quadrados de área, com
três carreiras para construção com ca-
pacidade de mil toneladas cada, além
de três guindastes para 30 toneladas.
Para o diretor
comercial do estaleiro
Rio Maguari (PA), Fábio Vasconcellos,
a construção de embarcações fluviais
também sofre com a crise econômica
atual, pois a retração da atividade eco-
nômica não poupa nenhum setor. En-
tretanto, ele ressalta a menor depen-
dência do setor de óleo e gás e alguns
projetos pontuais ligados ao agrone-
gócio, considerado a atual locomotiva
brasileira, tornam os efeitos menos
perversos. “Com a abertura do cor-
redor logístico BR-163 (Tapajós-Vila
do Conde), a demanda por comboios
fluviais foi alta num passado recente
e deve se manter nos próximos dois
anos pelo menos, quando a demanda
deverá voltar à normalidade histórica”,
destaca.
Ele lamenta que o término do as-
faltamento da BR-163 prevista no pla-
nejamento de infraestrutura do gover-
no federal não está se concretizando,
atrasando o projeto e prejudicando a
cadeia como um todo. Apesar disso,
ele percebe um despertar em todos
os níveis de governo para a importân-
cia do transporte hidroviário no Bra-
sil. “Esperamos que isso proporcione
num futuro não muito distante inves-
timentos em infraestrutura fluvial que
mantenha positiva as perspectivas
para o setor”, afirma.
O Rio Maguari é um dos principais
estaleiros do Norte do país. Nos últi-
mos quatro anos, entregou quase 200
unidades commais de 95% de pontua-
lidade nas entregas. Vasconcellos des-
taca como diferenciais a qualidade da
engenharia de fabricação aliada a alta
produtividade e baixo custo. Por ques-
tões de confidencialidade e estratégia
comercial, o estaleiro não informa sua
carteira de encomendas e clientes. O
Rio Maguari tem novas perspectivas
de encomendas, cujas negociações se
encontram em andamento para entre-
gas ainda em 2016 e 2017.
O programa Promef Hidrovia foi
concebido com a previsão de constru-
ção de 80 barcaças e 20 empurradores,
formando comboios para o transporte
de etanol através da Hidrovia Tietê-
-Paraná. Vasconcellos, que também é
diretor do Estaleiro Rio Tietê (ERT),
diz que o ritmo de produção dimi-
nuiu devido à redução significativa
do nível do rio na região de Araçatu-
ba (SP). Por determinação do Ope-
rador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS), houve priorização da geração
de energia. Ele considera que a de-
cisão afronta a legislação que prevê o
uso múltiplo das águas.
O Estaleiro Rio Tietê alega que a re-
dução de nível impediu o lançamento
dos comboios já prontos em função da
modalidade de lançamento projetada,
provocando superlotação do pátio de
edificação e impedindo o avanço da
construção dos comboios subsequen-
tes. “Este evento de força maior nos
obrigou a investimentos não previstos
para viabilizar o lançamento dos com-
boios prontos e a continuidade das no-
vas construções”, explicaVasconcellos.
O estaleiro Rio Maguari
entregou quase 200
unidades nos últimos
quatro anos
FÁBIOVASCONCELLOS
Construção de
embarcações fluviais
também sofre com a crise
econômica atual